ARGENTINA - PATAGÔNIA - EL CALAFATE

14/01/2018 09:30

E os amigos gourmets continuam na Patagônia sob sol, gelo e boa comida. Leia o que Luiz Roberto Marinho escreveu em El Calafate.

"El Calafate, nossa segunda e última parada na Patagônia argentina (ver post anterior), fica a uma hora de voo de Ushuaia. É menos fria – entre 12 e 14 graus – e permanentemente ensolarada no verão, ao contrário de Ushuaia. Lembra Campos do Jordão.

Muito agradável, a cidade, que deve o nome a uma planta patagônica cuja fruta é adocicada e de sabor ácido, explodiu para o turismo há uns 15 anos, graças a uma rodovia impecável e a um aeroporto moderno, mas de apenas dois 'fingers'. Dizem as más línguas que os Kirchner lavaram dinheiro com a ampliação do turismo. Os motoristas de táxi relatam que a ex-presidente Cristina é dona de três hotéis em El Calafate e tem casa lá.

A principal atração turística é uma geleira de 60 metros de altura e 180 metros de profundidade, a Glacial Perito Moreno, de cor azulada, a uma hora e meia de carro, que pode ser vista de pertinho por barco, uma experiência encantadora.

  

O forte do cardápio local é cordeiro, cordeiro e ainda cordeiro. Distante do mar, a cidade não tem as opções de peixes e crustáceos de Ushuaia, embora se possa encontrar truta num ou noutro restaurante. Em El Calafate, dei adeus à saborosa centolla.

Como na parada anterior, JR, LP, OG e eu tivemos uma ótima experiência gastronômica, embora menos extensa do que em Ushuaia.

No restaurante Casimiro Biguá, OG e eu almoçamos sorrentinos recheados com cordeiro ao molho pesto (ela) e ao molho de tomate (eu). JR e LP resolveram descansar no hotel.

Criado em 1968 em Mar Del Plata por imigrantes italianos, como uma variação do ravióli, o sorrentino é outro ícone hermano, como as empanadas e a uva malbec francesa completamente argentinizada.

Não me lembro de ter degustado sorrentinos tão saborosos, de massa leve e abarrotados de cordeiro muito bem temperado

  

 

Diz o surrado ditado que, em terra de sapo, de cócoras com ele. À noite, o quarteto foi jantar, como não poderia deixar de ser, numa parrilla, o Mi Viejo. Não costumo ficar em fila de espera em restaurante, mas aguardamos 10 minutos sorvendo um untuoso malbec Newen, patagônico.

JR e LP escolheram assado de tira, acompanhado de batatas fritas (ele) e de salada russa (ela). OG optou por uma linguiça artesanal, suave, diferente das nossas por não conter quase nenhuma pimenta do reino. Aprovou com entusiasmo. Para não fugir do cordeiro, pedi um risoto do próprio. O arroz arbório passou um pouco do ponto, havia parmesão demais, mas a boa quantidade de cordeiro cozido em cubos compensou amplamente estes escorregões.

 

Que nem turista gringo nas mulatas do Sargentelli no Rio, como ocorria no passado (ainda existe o show?), encerramos nossa incursão em El Calafate com uma visita guiada a uma estância, a 25 de maio.

  

Foi ótima: conhecemos o café carreteiro (o bule com água e café em pó é fervido na fogueira e coloca-se dentro, após passada no açúcar, uma brasa, que decanta o pó) e vimos a ovelha sendo tosquiada, com rapidez e precisão.

 

Aprendemos que a ovinocultura é altamente danosa ao equilíbrio ambiental na Patagônia. O governo, por isso, limitou sua criação, fazendo com que seja rentável apenas em fazendas com área superior a 400 mil hectares e obrigando as estâncias menores, como a maioria ao redor de El Calafate, a procurar alternativa de sobrevivência na criação de gado Hereford, que está no começo, e nas visitas turísticas, como a nossa.

A visita foi coroada com uma 'parrillada na cena' (jantar), competente, que mesclava cordeiro, assado de tira, linguiças, 'morcilla' (morcela) e vegetais assados.

No encerramento, dança e cantoria patagônicas, com trajes típicos, incluindo a típica bombacha, o 'pantalón' gaucho argentino. Se não falassem castelhano, eu juraria que estava no Rio Grande do Sul.

El Calafate nos trará doces lembranças."

Casimiro Biguá - Av Del Libertador 963, fone 54 2902 49-2590

Mi Viejo – Av Del Libertador 1111, fone 54 2902 49-1691

Estancia 25 de Maio – fone 54 2902 49-1450