RIO DE JANEIRO - BAR LUIZ

07/07/2014 09:57

Se o assunto é Copa e estamos nas semifinais em jogo contra a Alemanha (e sem Neymar), me veio na memória, não sei porque, o Bar Luiz, na rua da Carioca - Centro do Rio.

Então saí à cata de informações sobre este ícone da vida carioca e descobri no site bafafa.com.br um excelente post escrito pela Ana Crys Tavares, em out/13, que conta a sua história.

Mas, antes de entrar no assunto propriamente dito, me lembrei do filme BAR ESPERANÇA, O ÚLTIMO QUE FECHA (1983), com direção do Hugo Carvana, em que a Sylvia Bandeira faz um strip-tease antológico em cima de uma mesa do Bar Luiz.

  

Mas, vamos lá.

Em janeiro de 1887 era inaugurado o "Zum Schlauch" (serpentina por onde passa o chope), pelo brasileiro e filho de suíços Jacon Wendling. Inicialmente ocupou um imóvel da rua da Assembléia, 102 e vendia cerveja não pasteurizada, sendo o primeiro estabelecimento patrocinado pela Brahma. A fama do bar e de seu chope surgiu quando Adolph Rumjaneck (sobrinho de Wendling), que trabalhava no bar e era praticante de queda de braço começou a desafiar clientes que não quisessem experimentar a bebida para uma disputa. Se a pessoa o vencesse, poderia beber o que quisesse. Caso contrário, teria que beber um chope e ainda pagar a conta.

 

Quatro anos após a abertura, em 1901, devido ao valor do aluguel, o "Zum Schlauch" mudou de endereço e também de nome. Passou a se chamar “Zum Alten Jacob” (para o velho Jacob), uma homenagem que Adolph fez ao padrinho que não estava mais na direção do local.

Mas, com a proibição de se colocar nomes estrangeiros nos letreiros do comércio brasileiro (1915), o nome é alterado mais uma vez para Bar do Adolph e em 1926 ganha um novo e definitivo endereço - rua da Carioca, 39. Mais tarde, em 1930, Adolph decide promover uma reforma colocando azulejos e passa a ser uma referência  do estilo Art Déco, constando, inclusive, do Guia de Arquitetura da Cidade, elaborado pela Prefeitura do Rio.

Um das histórias mais marcantes desse período no bar aconteceu entre alunos do Colégio Pedro II (unidade da Mal. Floriano) e o compositor, radialista e comentarista esportivo Ary Barroso. Com a II Guerra Mundial, tanto o imigrante quanto a cultura alemã passam ser repudiados pelos brasileiros, valendo lembrar que na década de 1940, o presidente Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha e proibiu o uso da língua alemã no País e confiscou bens de imigrantes alemães. Os alunos do Pedro II eram tidos como revolucionários e com o propósito de combater os inimigos do “Eixo”, saíram um dia pelas ruas procurando bares e lojas que fizessem referência à cultura alemã. Quando viram o nome do Bar Adolph, os estudantes invadiram o local com o objetivo de apedrejá-lo. Com o intuito de defender o bar, o radialista sai em defesa do estabelecimento, explicando que o nome Adolph não era uma alusão a Hitler e, sim, ao antigo proprietário já falecido. Com a naturalização de Ludwig, o próprio rebatiza o bar com o seu nome para Luiz, a fim de evitar novas tentativas de apedrejamento. E assim permanece até hoje.

Na década de 1950, o recinto perde as características de bar e passa a funcionar como restaurante, tendo como chef Ana Vöit, esposa de Ludwig. Ao cardápio de aperitivos foram acrescentados pratos da culinária alemã. O mais famoso de todos até hoje é o tradicional prato da gastronomia alemão Kassler (costela de porco) com salada de batatas, e que me traz grandes lembranças do local (às vezes comia a salada acompanhada de roast-beef ou língua defumada). A sua salada de batata é a melhor que já comi e tem uma fórmula secreta guardada a sete chaves, difícil de reproduzi-la. Os croquetes de carne, o patê de fígado, o salsichão Bock ou as salsichas Bratwurst ou Viena, o Eisbein e o chucrute fazem a alegria de se comer lá - sempre acompanhados do chope da Brahma!!!

   

Recentemente a casa recebeu o título de Patrimônio Cultural Carioca.

E uma última referência escrita pela Maria Helena R.R. de Sousa: "Nos guardanapos do Bar Luiz foi escrito esse axioma pelo nosso grande escritor, poeta e boêmio Emílio de Meneses. “Beber é uma necessidade, saber beber uma ciência, embriagar-se, uma infâmia.”

Bar Luiz - Rua da Carioca, 39 – Centro - Telefone: (21) 2262-6900 - Horário de funcionamento: Segunda-feira – 11h às 20h / De terça a sexta-feira – das 11h às 22h e aos sábados das 11h às 18h