SÃO PAULO - TUJU

06/11/2015 10:46

O colaborador assíduo do blog, grande jornalista e amigo Luiz Roberto Marinho (LRM) esteve no Tuju (SP) e nos contou as maravilhas vivenciadas. Vale a pena ler

"Para comemorar mais um genetlíaco (aniversário, para os comuns mortais) de OG, resolvemos fazer um tour cultural-gastronômico pela cosmopolita São Paulo no feriadão de Finados.

O querido criador e administrador deste blog superlativo estava na lista da pequena caravana paulistana de amigos e parentes, mas compromissos inadiáveis no Recife impediram, infelizmente, que estivesse conosco. Como nosso Gaffrée não pôde ir, cometi este post – obviamente sem a sua verve, o vasto conhecimento técnico da gastronomia e a qualidade fotográfica habitual.

Um dos pontos altos do roteiro era um almoço no restaurante Tuju,  incensado pela crítica gastronômica e um dos 11 brasileiros estrelados no Guia Michelin, com uma estrela. A reserva foi feita com antecedência de um mês e, muito profissionalmente, reconfirmada por SMS no dia do almoço.

O Tuju (pássaro de 27 cm, de asas compridas e hábitos noturnos, comum no Sudeste) privilegia ingredientes brasileiros, reeçaborados com muita criatividade e competência pelo chef Ivan Ralston, de apenas 28 anos. Ralston, filho de restaurateurs paulistanos, tem passagens pelos must Mani, El Celler de Can Roca e Mugaritz. Como se vê, um currículo impecável.

O ambiente não é luxuoso, mas agradabilíssimo. Clean, claro, cercado de hortas que fornecem boa parte dos insumos usados nos pratos. Na parede de fundo, o desenho de um tuju com suas partes.  

A cozinha é totalmente aberta, permitindo ao cliente acompanhar – como eu, eternamente curioso, fiz – a elaboração e montagem dos pratos. Todos os cozinheiros, sem exceção, são jovens. Talvez por ser a cozinha aberta, trabalham silenciosamente, sem estresses, sem gritos, ao contrário do usual.

Quem recebe os clientes, atenciosa, simpática, é Márcia Cavalieri, sócia de Ralston. O serviço é igualmente atencioso e presto. Carol foi designada para nos atender.

O cardápio é enxuto: couvert com duas opções, cinco entradas, cinco pratos principais, seis sobremesas.

Èramos nove na mesa de almoço do Tuju. O couvert  veio com pães caseiros deliciosos, feitos na casa, de jerimum e de azeitona, numa espécie de cesta de cerâmica.      

Pedimos um espumante rosé nacional, Cave Amadeu,  refrescante  

Estranhei: ao invés de flûtes, o espumante é serviço em taças de vinho tinto. Não há taças flûtes no Tuju. Carol me explicou que é para o espumante respirar melhor. Água e suco são servidos em copos americanos, aqueles de boteco. È para dar simplicidade, justificou novamente Carol.

De entrada, a aniversariante OG, muito festejada, pediu couscous de farinha  uarini, pescado azul, iogurte e trevo . Claro que experimentei. Sabor delicado, leve

Fui de carpaccio com shots de pimenta de cheiro, iquiriba e folhas picadas da horta (do restaurante). Sensacional

PH pediu beterraba defumada, coalhada, pão frito e folhas de caruru. Enxerido, meti o garfo também na entrada do de PH e comprovei que a beterraba defumada perde o sabor de terra molhada comum na beterraba

FR foi de salada da horta. Tudo foi colhido na horta do Tuju, mas olhem a delicadeza e o desenho com que foi montada.

Deliciados com as entradas, fomos aos pratos principais. OG e eu pedimos polvo com tubérculos. Depois de rapidamente cozido, o  polvo é finalizado na brasa. Entre os tubérculos, rodelas de batata doce e de macaxeira, de sabor suave. OG achou que seu polvo passou um pouco. O meu estava perfeito, no ponto.

PH, FR e PRH escolheram o caneloni de pato no tucupi e jambu. Não resisti e experimentei um. Que maravilha! O amarelo aí no prato é uma calda suave de laranja, contrastando salgado e doce.

 

MC não come carne vermelha e, por isso, foi de peixe do dia com abóbora. Não era um peixe comum, daqueles que todos conhecemos. Perguntei, mas não lembro o nome. Desta vez não meti o garfo. Olhem como a abóbora foi desconstruída, servida em bolinhas. MC disse que estava muito bom.

LE, primo da aniversariante, criador de gado hereford, que veio de Bagé, desceu em Congonhas, foi direto ao Tuju e regressou à noite, resolveu testar a carne bovina  da casa. Junto com AC, outro primo de OG carnívoro radical, e MC, pediu ancho, acelga chinesa e batata. Mas, cáspite, como se diz em filme americano antigo dublado, LE e MC mandaram de volta o prato para esquentar   a carne, que chegou fria. Apesar do incidente, vexaminoso em qualquer restaurante, ainda mais num estrelado Michelin, não reclamaram e relataram, depois, que o prato estava muito bom.

Do salgado ao doce. Alguns toparam a sobremesa. AC escolheu pingado: biscoito de chocolate com queijo Mascarpone. Engenhosamente, foi servido numa xícara grande de café. Sob o argumento que iria resenhar para o prestigioso blog, meti a colher - naturalmente sob licença. Divino!

PH, FR e PRH escolheram rabanada: brioche de fubá, sorvete de paçoca e caramelo. Eu não poderia resistir, não é? Nunca tinha experimentado uma rabanada tão suave, tão cremosa, tão delicada.

Os preços foram salgados, mas continuam doces as lembranças. Voltaremos, sem dúvida.

TUJU

Rua. Fradique Coutinho, 1248 - Pinheiros, - (11) 2691-5548"